O Coronavírus e a Incoerência Religiosa

 Por Levi Costa

Com o surgimento da pandemia do coronavirus (Covid-19), esse triste cenário passou a ser visto pelos religiosos brasileiros não apenas como uma questão de saúde, mas como uma possível "punição" divina em resposta ao episódio ocorrido no carnaval carioca de 2020 onde uma escola de samba usou uma representação de "Jesus" sendo humilhado, ao que parecia, pelo do diabo. Isso levantou veemente protesto no meio religioso, daí a atribuição por parte destes da pandemia ser um castigo divino. Vamos aos fatos...

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Certo cantor gospel brasileiro, muito conhecido, disse em um show em Feira de Santana na Bahia que o crente não pegava Covid, só pegava quem era do diabo. Mas esse mesmo cantor foi acometido pela Covid 19 sendo hospitalizado e entubado, mas depois de alguns dias, infelizmente, veio a falecer. Portanto, pela lógica, os próprios religiosos estariam sendo punidos também, inclusive morrendo como qualquer outra pessoa, apesar das muitas rezas e orações em prol de seus infectados.

Ainda outra questão é os religiosos com o seguinte dizer nas redes sociais: "Não é o uso da máscara, nem o uso do álcool em gel e nem o distanciamento social que nós livra do coronavirus; é a misericórdia de Deus!". Então, eu pergunto: e o que dizer dos muitos religiosos crente (independente da religião) que já morreram vitimados exatamente pela Covid 19? Deus não teve misericórdia deles? Por isso morreram? Eis a questão!

Incoerência mesmo é ver religiosos na TV, pregadores de curas e milagres, orando pela cura dos doentes e repreendendo o coronavírus dos acometidos de Covid 19, mas estes mesmos pregadores fazem uso da máscara e do álcool em gel enquanto oram pelos enfermos.

Contudo, se um não religioso ou ateu morre, o religioso crente diz que foi castigo, um tipo de punição, mas se este escapa da morte é porque ele recebeu uma segunda chance para se arrepender. Se a pessoa for crente, portanto, um religioso, e vem a morrer, foi a vontade de Deus, e caso ele não morra, foi um milagre de Deus em resposta às muitas preces a favor da pessoa, mas sabemos que nem sempre é o que acontece, como, de fato, tem ocorrido ultimamente.

Portanto, o que dizer de uma ação punitiva por meio de um vírus mortal que tem vitimado indiscriminadamente em todo o mundo homens, mulheres, jovens, velhos, pessoas comuns e também famosas, artistas, políticos, pobres, ricos, crentes e ateus, gente do mundo inteiro, como um ato de juízo atribuído a um "ser divino" que si sentiu ofendido com um caso em particular ocorrido em um lugar específico de um determinado País? Isso é incoerente e, portanto, não faz sentido algum!

Como bem disse Albert Hubbard: "O que chamamos de justiça divina é apenas uma ideia do que o homem faria se ele fosse Deus".