A bíblia não foi originalmente a composição de um conjunto exato de livros que, posteriormente, esses exatos livros foram agrupados em um só volume, o chamado cânon bíblico, como o conhecemos hoje.
Cânon bíblico é o conjunto de livros religiosos aceito como sendo inspirados por Deus e autoritativo. A palavra "cânon" vem do grego, com o sentido de "régua" ou "vara de medir". Apesar dos cristãos terem sido os primeiros a fazerem uso do termo "cânon", com referência ao conjunto de suas escrituras, considera-se que essa ideia deriva do judaísmo...
Na verdade, antes da definição de um cânon oficial da bíblia, existiam quase 300 livros ao todo, só evangelhos existiam mais de 100, mas só foram considerados inspirados por Deus apenas quatro desses evangelhos; livros apocalípticos eram, no mínimo, 9, no caso do apocalipse de João, das bíblias atuais, era apenas mais um deles. Existiam também muitas outras epístolas além das que se encontram hoje na bíblia.
Portanto, se juntasse todos esses livros em um só volume seria uma desordem total. Contudo, para fixar um cânon oficial de livros tidos como sagrados, teve muita discórdia e embates porque não havia consenso em relação a quais desses livros poderiam ser considerados inspirados por Deus. Então, a cúpula religiosa (católica) bateu o martelo e fechou seu cânon "sagrado" independente das opiniões contrárias.
Porém, existiam outros cânones paralelos e divergentes entre si, onde cada grupo defendia seu próprio cânon como sendo a inspirada palavra de Deus, a santa escritura. Na verdade, para a formação do chamado cânon bíblico, como o temos hoje, com seus 66 livros para os protestantes e 72 para os católicos, passaram-se muitos anos de intensos debates.
Mesmo que consideremos o cânon que é tido hoje como oficial, este mesmo cânon gerou inúmeras divergências doutrinárias religiosas, com dois ramos principais, a saber, o catolicismo e o protestantismo. No caso dos Protestantes, em particular, são inúmeras as vertentes doutrinárias que geraram, e ainda geram, incontáveis denominações, consideradas pelo catolicismo como seitas.
No geral, considera-se que o Cristianismo conta hoje com cerca de quatro (4) a nove (9) mil vertentes religiosas denominacionais, embora alguns considerem ser esse número ainda maior que isso, sem falar que a cada dia surgem novos segmentos do cristianismo a partir de uma releitura da bíblia do ponto de vista doutrinário.
Apesar de se tratar da leitura do mesmo livro, em tese, o resultado dessa leitura deveria ser convergente com os demais, mas, na verdade, é divergente e, portanto, conflitante. Até porque o escrito bíblico não é exato em si, como no caso da matemática, tipo: 2+2=4, ao contrário, pois se tratando de questões do tipo espiritual, o resultado dessa leitura depende do entendimento e da interpretação daquele que faz a leitura do texto.
Mas, como sabemos, a interpretação de texto não é tarefa fácil para a maioria das pessoas, ainda mais de um texto que é tido como sagrado e de ordem espiritual, onde o resultado do entendimento deve ser nessa mesma ordem, aí já viu, como, de fato, temos visto.
Por fim, a bíblia não é um livro que surgiu pronto, mas foi definido como tal pelos religiosos através de concílios, segundo seus próprios critérios doutrinários e interesses religiosos. Portanto, a bíblia é um livro religioso já na sua formação, e tem sido assim ao longo dos séculos até os dias de hoje.
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